Não bastasse o sofrimento do povo brasileiro, o governo Bolsonaro vem com mais um retrocesso: priorizar o autocadastramento de beneficiários no CadÚnico (que centraliza os programas sociais), através de um aplicativo para celular.
Em nota, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) manifestou preocupação em relação à medida. Para a entidade, isso esvazia o papel dos municípios no cadastramento de beneficiários de programas sociais, especialmente o Bolsa Família.
Quem também reagiu fortemente foi o deputado estadual Zó (PCdoB). “Com o argumento absurdo de reduzir custos, o governo quer colocar um programa que atende os mais pobres pelo celular. Num país onde grande parte do povo mora em locais que nem tem sinal de internet tem. A pobreza voltou a crescer e poder público não pode reduzir custos com proteção social”, defende o parlamentar.
MAIS EXCLUSÃO SOCIAL
Hoje, são os Cras (Centros de Referência de Assistência Social) que atendem as famílias e as incluem no CadÚnico. Trata-se de um público que sofre com analfabetismo, baixa escolaridade e tem dificuldade no acesso à internet. Por isso, são entrevistadas por servidores públicos preparados.
Segundo Zó, essa medida vai dificultar, ainda mais, o acesso de milhões de pessoas pobres às políticas de assistência e proteção social. São justamente as entrevistas que ajudam à União, estados e municípios a formularem políticas públicas para quem mais precisa.
“Até quem acessa aplicativos, sabe que não é tão simples o uso. Vimos como foi com o auxílio emergencial. Não pode o governo querer que o povo simples saiba usar para fazer parte dos programas sociais, especialmente do Bolsa Família. É dos municípios a responsabilidade de organizar isso para a União. Não vamos aceitar mais esse retrocesso”, afirma o deputado.